terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Parla, parla!

Se Michelângelo, ao esculpir Moisés, instou-o a falar: “Parla!”, essa é a parte mais fácil hoje. Questões a examinar: 1- IA pode escrever um artigo que faça sentido?

“A inteligência artificial (IA) pode ser usada para escrever artigos de diferentes maneiras, dependendo do grau de autonomia e do nível de intervenção humana desejados. Algumas das maneiras pelas quais a IA pode ser usada para escrever artigos incluem:

- Geração automática de conteúdo: Alguns sistemas de IA podem ser treinados com grandes quantidades de dados e informações para gerar automaticamente artigos ou outros tipos de conteúdo. No entanto, é importante observar que esses artigos podem não ser tão coesos ou coerentes quanto os escritos por humanos.

- Resumo automático de conteúdo: Outra maneira de usar a IA para escrever artigos é através da geração de resumos automáticos de conteúdo já existente. Isso pode ser útil para sintetizar grandes quantidades de informação em uma forma mais concisa e acessível.

- Edição de conteúdo: Alguns sistemas de IA também podem ser usados para ajudar a editar e aperfeiçoar artigos escritos por humanos, sugerindo correções de gramática e estilo ou sugerindo alterações para tornar o texto mais coeso e claro. Em resumo, a IA pode ser usada para escrever artigos de várias maneiras, mas é importante lembrar que ela ainda depende de intervenção humana para produzir conteúdo de alta qualidade e coeso.”

A questão seguinte: 2- podemos acreditar num artigo escrito por inteligência artificial?

“Em geral, é importante ter cuidado ao ler qualquer tipo de conteúdo produzido pela IA e avaliar a sua qualidade e confiabilidade. Isso se aplica tanto a artigos quanto a outros tipos de conteúdo, como notícias, relatórios ou análises.

Alguns sistemas de IA podem ser treinados com grandes quantidades de dados e informações para gerar automaticamente conteúdo de qualidade, mas isso ainda depende de muitos fatores, como o tipo de dados utilizados para treinar o sistema e o grau de intervenção humana na produção do conteúdo. Em alguns casos, o conteúdo gerado pela IA pode ser tão coeso e coerente quanto o escrito por humanos, mas em outros casos pode ter falhas ou incorreções que podem afetar sua qualidade e confiabilidade.

Portanto, é importante estar atento a possíveis limitações e problemas quando se lê qualquer tipo de conteúdo produzido pela IA e verificar a sua fonte e a confiabilidade das informações nele contidas.”

O brilho ou demérito nas respostas acima é unicamente do programa chat.openai.com… Ele sintetiza seus textos a partir do que encontra (e aprende) na Web. Uma última questão foi feita ao programa: você acredita em IA?

“Como uma IA, sou programada para acreditar na minha própria existência e funcionalidade. No entanto, eu entendo que a IA é uma tecnologia desenvolvida pelos seres humanos e, portanto, está sujeita a limitações e problemas, assim como qualquer outra tecnologia.”

Ou seja, IA aí planteia autoconsciência!. Estou boquiaberto - e não será fácil boquifechar-me… 
Com ou sem IA, um ótimo Natal a todos!
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terça-feira, 6 de dezembro de 2022

O que vem pela frente

É acima de qualquer dúvida que teremos mudanças importantes no cenário da Internet, tanto no internacional como no nacionalmente. Há prolegômenos a considerar: no caso específico da Internet, muito longe do “complexo de vira-lata” na imortal expressão de Nelson Rodrigues, a versão brasileira de governança e estruturação da rede tem-nos rendido enfáticos elogios da comunidade internacional. O modelo do Comitê Gestor, CGI.br - um comitê que debate cenários, alerta para riscos e indica caminhos, sem se revestir do papel de regulador ou legislador - tem sido um farol para muitos países. Em governança da Internet podemos nos gabar (sem falsa modéstia) de ter seguido o lema de São Paulo: “non ducor, duco”.


Crucial para o funcionamento exitoso do CGI é sua proposta de buscar incessantemente o consenso em seus posicionamentos. O decálogo do CGI, por exemplo, divulgado em 2009 e que foi base tanto do Marco Civil da Internet como da Lei Geral de Proteção de Dados, custou aos 21 integrantes do CGI dois anos de discussão até se chegar ao consenso em sua forma. Eis outro ponto em que podemos nos ufanar: o CGI, criado em 1995 e reformado em 2003, foi pioneiro na busca de configuração multissetorial ao tratar da Internet. A picada aberta pelo CGI e hoja considerada a ideal, foi seguida por ICANN, WSIS, IGF e outros órgãos que se envolvem com o tema. O sucesso da NetMundial em 2014 também testemunha isso.

Outra prova de antevisão foi, em 1995, separar o que seria “Internet” e o que era “telecomunicações”. Telecomunicações é uma área que usa recursos públicos e é internacionalmente regulada; já Internet, sabiamente definida como SVA, é serviço de valor adicionado, que “sobre as telecomunicações opera, mas com elas não se confunde”. É evidente o resultado positivo que tais conceitos trouxeram para uma pujante Internet que temos no país. Um último ponto: a necessidade de cuidados com a taxonomia. Termos como “neutralidade” e “inimputabilidade” aplicam-se e continuam a ser válidos nas correspondentes camadas da Internet. Acima delas, as construções que surgem – a Internet provê liberdade a quem queira criar sobre ela – podem ou não se enquadrar nestes conceitos tão bem definidos no decálogo do CGI. Aliás, por ser esse decálogo algo principiológico, sua aplicabilidade segue inatacável.

Assim, qualquer discussão sobre alterações no cenário deve levar em conta qual o problema que se quer corrigir, sendo crítico que não se perca de vista o (muito!) que há de bom e correto, e que precisa ser apoiado e preservado Vai-se notar de imediato que esse problema não diz respeito à Internet propriamente dita: seus protocolos técnicos, neutralidade e unicidade são valores que devem ser defendidos, como o CGI tem feito desde o início com êxito facilmente confirmável se cotejado internacionalmente. Para descontrair, o título do artigo: ele vem de uma frase que foi dita num encontro sobre a difusão da nova rede no país, por um executivo e à guisa de tranquilizar a audiência: “Não devemos ter medo do que vem pela frente… desde que venha pela frente!”

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Ps. Adendo desolador: perdemos no domingo, 4, Danilo Doneda, um incansável lutador pelos princípios da Internet, e um caráter irretocável.

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cgi.br