Com mais de 3 mil participantes, a 50ª reunião da Corporação da Internet para Designação de Nomes e Números (Icann) em Londres, semana passada, foi a maior até hoje. E entre os temas mais discutidos, o vinho!
Não a bebida em si, mas ela na forma de dois domínios genéricos, o “.wine” e o “.vin”, cuja eventual concessão aos solicitantes foi considerada inaceitável por diversos países europeus, liderados pela França. Uma declaração candente da jovem Axelle Lemaire, ministra da França para a “área digital”, ameaça a harmonia dentro do Comitê Governamental Consultivo (GAC) e sua relação com a Icann.
Após a batalha pela reserva do domínio “.amazon”, em que a Icann acatou o aconselhamento do GAC e não seguiu repassando o domínio para a conhecida empresa norte-americana, novos embates se prenunciam.
O motivo desta tensão vem da criação da Icann, em 1998, como uma organização sem fins lucrativos, estabelecida na Califórnia (EUA), e que assumiu a coordenação da raiz da estrutura de nomes da Internet (DNS) e a distribuição de números IP, funções que eram exercidas pela Autoridade para Atribuição de Números na Internet (Iana), sediada na Universidade da Califórnia do Sul (USC) e liderada pelo pioneiro Jon Postel, que faleceu em 1998.
O período de 1995 a 2000 gerou um legado complexo para a Internet. A nascente atividade de registro de nomes de domínio de forma comercial, inaugurada em 1996 quando “.com”, “.net” e “.org” deixaram de ser grátis e passaram a ser geridos por uma empresa, a Network Solutions, atiçou o apetite dos que viam nesse segmento um promissor negócio.
A raiz de nomes de domínio ficou praticamente sem alteração por décadas, constituindo-se dos três citados acima (os genéricos) mais um por código de país, como “.ar”, “.br”, “.de” e outros, totalizando menos de 300. Há dois anos, a Icann aprovou a entrada de novos domínios genéricos na raiz de nomes e esses 300 passarão em breve a ser mais de 2 mil! E há pedidos para tudo: nomes genéricos como “.wine”, marcas como “.amazon”, nomes de cidades como “.berlin”, todos com seu potencial de conflito com estruturas existentes, sem falar da confusão que podem trazer ao internauta. E os governos, representados dentro do GAC, têm opiniões fortes a respeito.
Dentre o leque de atividades que lhe coube ao assumir a Iana, a Icann escolheu dedicar-se quase que exclusivamente a definir a forma de aumentar a raiz de nomes. As reações começam e podem ser bastante duras. Em tempos mais amenos, em março de 1994, Jon Postel, que além de engenheiro era sábio, escreveu no RFC (documento que descreve padrões de protocolos de Internet) 1591 a descrição do que se esperaria encontrar na raiz de nomes: “No Sistema de Nomes de Domínio (DNS) há uma hierarquia de nomes (…) Existem nomes genéricos como “.edu”, “.com”, “.net”, “.org”, “.gov”. “.min” e “.int” e nomes de duas letras que provêm da tabela de código de países, a ISO-3166. É extremamente improvável que outros nomes de domínio sejam criados na raiz.”
As coisas mudaram e não temos mais a avaliação segura de Postel para ajudar.
Não a bebida em si, mas ela na forma de dois domínios genéricos, o “.wine” e o “.vin”, cuja eventual concessão aos solicitantes foi considerada inaceitável por diversos países europeus, liderados pela França. Uma declaração candente da jovem Axelle Lemaire, ministra da França para a “área digital”, ameaça a harmonia dentro do Comitê Governamental Consultivo (GAC) e sua relação com a Icann.
Após a batalha pela reserva do domínio “.amazon”, em que a Icann acatou o aconselhamento do GAC e não seguiu repassando o domínio para a conhecida empresa norte-americana, novos embates se prenunciam.
O motivo desta tensão vem da criação da Icann, em 1998, como uma organização sem fins lucrativos, estabelecida na Califórnia (EUA), e que assumiu a coordenação da raiz da estrutura de nomes da Internet (DNS) e a distribuição de números IP, funções que eram exercidas pela Autoridade para Atribuição de Números na Internet (Iana), sediada na Universidade da Califórnia do Sul (USC) e liderada pelo pioneiro Jon Postel, que faleceu em 1998.
O período de 1995 a 2000 gerou um legado complexo para a Internet. A nascente atividade de registro de nomes de domínio de forma comercial, inaugurada em 1996 quando “.com”, “.net” e “.org” deixaram de ser grátis e passaram a ser geridos por uma empresa, a Network Solutions, atiçou o apetite dos que viam nesse segmento um promissor negócio.
A raiz de nomes de domínio ficou praticamente sem alteração por décadas, constituindo-se dos três citados acima (os genéricos) mais um por código de país, como “.ar”, “.br”, “.de” e outros, totalizando menos de 300. Há dois anos, a Icann aprovou a entrada de novos domínios genéricos na raiz de nomes e esses 300 passarão em breve a ser mais de 2 mil! E há pedidos para tudo: nomes genéricos como “.wine”, marcas como “.amazon”, nomes de cidades como “.berlin”, todos com seu potencial de conflito com estruturas existentes, sem falar da confusão que podem trazer ao internauta. E os governos, representados dentro do GAC, têm opiniões fortes a respeito.
Dentre o leque de atividades que lhe coube ao assumir a Iana, a Icann escolheu dedicar-se quase que exclusivamente a definir a forma de aumentar a raiz de nomes. As reações começam e podem ser bastante duras. Em tempos mais amenos, em março de 1994, Jon Postel, que além de engenheiro era sábio, escreveu no RFC (documento que descreve padrões de protocolos de Internet) 1591 a descrição do que se esperaria encontrar na raiz de nomes: “No Sistema de Nomes de Domínio (DNS) há uma hierarquia de nomes (…) Existem nomes genéricos como “.edu”, “.com”, “.net”, “.org”, “.gov”. “.min” e “.int” e nomes de duas letras que provêm da tabela de código de países, a ISO-3166. É extremamente improvável que outros nomes de domínio sejam criados na raiz.”
As coisas mudaram e não temos mais a avaliação segura de Postel para ajudar.