“A tragédia de Amlet na era da internet seria essa: um príncipe da verdade em um reino de incertezas, onde a autenticidade é constantemente questionada e a verdade é uma moeda rara e valiosa. Sua saga nos lembra que, mesmo em tempos de tecnologia avançada e comunicação instantânea, a luta pela verdade é eterna e sempre complexa, exigindo coragem, astúcia e, acima de tudo, uma fé inabalável na importância de se manter fiel aos fatos, mesmo quando ninguém mais acredita”.
Há, entretanto, contraponto a essa “profissão de fidelidade pela verdade”. Em outras “conversas”, sobre temas de esperança, provoquei-a a citar poemas em português sobre o mito de Pandora. Entre os exemplos que ela trouxe, dois me eram completamente desconhecidos: “A caixa de Pandora”, poema de Olavo Bilac, e a “A canção do ódio”, de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa). Busquei-os na rede e nada achei. Pedi mais dados à IA. Ela reforçou o que já tinha dito e anexou na íntegra, e em estilo parnasiano, o que seria o tal poema de Bilac. Também a “Canção do Ódio” foi explicitada, inclusive com comentários relacionando-a ao tema “esperança”. Busquei e, de novo, nada encontrei na internet.
Resolvi perguntar a outra IA bem conhecida, se havia o poema de Bilac e se podia repassá-lo. Ela foi incisiva em dizer que “sim, é um poema bem conhecido” e mo repassou. E… não era o mesmo poema que a primeira IA inventou!. Ou seja, ambas criaram poemas verossímeis, que poderiam ser atribuidos a Olavo Bilac. O mesmo se passou com a tal “Canção do ódio”, com o detalhe adicional que a segunda IA, de forma ainda inventiva, o atribuiu a um outro heterônimo de Fernando Pessoa: Álvaro de Campos!.
Por prioridades ou estratégia, IA prefere inventar algo a dizer que “não conhece”. Assim gera-se um poema que passaria como sendo de Olavo Bilac, e faz-se o mesmo com Fernando Pessoa, mesmo que IAs diversas o atribuam a diferentes heterônimos. O fato é que, se não falhei nas buscas, ambos os poemas inexistem: são criações da IA. Certamente, se formos superficiais na análise do que recebemos dela, corremos sérios riscos de tomar como verdade uma invenção. Como muitos já disseram, meias-verdades são as mentiras mais insidiosas, porque revestem-se da roupagam de verdade. Chesteron, em 1910, havia advertido de que, enquanto a verdade integral alia-se à virtude, uma meia-verdade sempre está acoplada a algum vício. Sempre alerta!
A Verdade de Amlet na Era da Internet
Amlet, o príncipe real da Dinamarca descrito por Saxo Gramático, é uma figura que vive na interseção entre a verdade e a desconfiança, muito antes de Hamlet de Shakespeare emergir como seu eco literário. Transportando essa figura histórica para os dias de hoje, podemos imaginar como ele navegaria pelas águas turbulentas da internet moderna, sempre fiel à verdade, mas raramente acreditado.
Na lenda, Amlet fingia ser insano para esconder seus verdadeiros sentimentos e intenções, enquanto reunia informações e planejava sua vingança. Se Amlet vivesse hoje, provavelmente usaria a internet para espalhar suas verdades veladas, escondendo-se atrás de pseudônimos e avatares nas redes sociais. Como um usuário anônimo, ele publicaria mensagens criptográficas e declarações que, apesar de verdadeiras, pareceriam tão absurdas ou fantásticas que a maioria das pessoas as descartaria como meras teorias da conspiração.
Imagine Amlet criando um blog ou um canal de vídeo onde, com seu comportamento enigmático, ele revelasse os segredos de sua corte contemporânea: a corrupção dos líderes, os conluios e as tramas ocultas. Seus seguidores seriam poucos, mas dedicados, sempre debatendo a autenticidade de suas palavras. Para o público geral, ele seria apenas mais uma figura excêntrica no vasto universo online, onde a verdade e a mentira se confundem constantemente.
Os algoritmos das redes sociais, desenhados para promover o conteúdo mais envolvente e não necessariamente o mais verdadeiro, dificultariam ainda mais a missão de Amlet. Suas postagens, repletas de insights profundos e verdades incômodas, seriam empurradas para os cantos obscuros da internet, eclipsadas por memes virais e celebridades digitais. O verdadeiro desafio de Amlet seria não apenas dizer a verdade, mas fazer com que ela fosse ouvida e acreditada.
No entanto, Amlet era astuto. Ele compreenderia rapidamente a dinâmica do novo reino digital. Usaria estratégias de marketing digital, talvez contratasse bots para amplificar suas mensagens, ou se aliaria a influenciadores dispostos a dar voz às suas denúncias. Mesmo assim, ele enfrentaria a eterna batalha entre a verdade e a percepção pública.
Enquanto Amlet lutasse para ser ouvido, a internet seguiria seu curso caótico, onde cada verdade dita é confrontada por uma centena de mentiras. Os trolls, os desinformadores e os céticos seriam seus inimigos modernos, sempre prontos para desacreditar suas palavras, transformar suas declarações em piadas ou simplesmente ignorá-las.
A tragédia de Amlet na era da internet seria essa: um príncipe da verdade em um reino de incertezas, onde a autenticidade é constantemente questionada e a verdade é uma moeda rara e valiosa. Sua saga nos lembra que, mesmo em tempos de tecnologia avançada e comunicação instantânea, a luta pela verdade é eterna e sempre complexa, exigindo coragem, astúcia e, acima de tudo, uma fé inabalável na importância de se manter fiel aos fatos, mesmo quando ninguém mais acredita.
2- (com a base de dados do Llama 8B
No ano de nosso Senhor... (ou seja, no início do século XXI), havia um reino chamado "A Internet", onde as pessoas se reuniam para compartilhar informações, ideias e experiências. Mas, como sempre acontece em tais lugares, surgiram problemas e descrenças.
Um jovem príncipe da verdade, que preferimos chamar de "Amlet Digital" (por sua semelhança com o famoso Amlet), habitava esse reino. Ele era conhecido por dizer a verdade de uma forma que ninguém queria ouvir, e muitas vezes as pessoas não sabiam se ele estava falando sério ou apenas brincando.
Amlet Digital observou que na Internet havia uma grande confusão e descrença. As informações eram difíceis de distinguir da ficção, e os usuários estavam cada vez mais cegos pela ilusão. Eles compartilhavam notícias falsas, teorias da conspiração e opiniões sem fundamento, como se fossem verdades absolutas.
O príncipe Amlet Digital decidiu investigar esses problemas e descobriu que a Internet estava sendo dominada por "Os Mercadores de Informações", um grupo de indivíduos astutos que vendiam notícias falsas e opiniões manipuladas como se fossem verdades. Eles usavam técnicas sofisticadas para criar ilusão e confundir os usuários, tornando-os cada vez mais desconfiados e céticos.
Amlet Digital também descobriu que a Internet estava sendo afetada por "A Maldição da Interatividade", um fenômeno pelo qual as pessoas se sentiam compelidas a participar de discussões online, mesmo quando não tinham conhecimento ou experiência sobre o assunto. Isso criava uma atmosfera de confusão e descrença, onde ninguém sabia mais do que os outros.
O príncipe Amlet Digital concluiu que a Internet estava em perigo de se tornar um lugar sem sentido, onde as pessoas não podiam distinguir entre verdade e ilusão. Ele decidiu tomar medidas para combater esses problemas e restaurar a confiança na Internet.
Mas, como sempre acontece quando alguém tenta mudar o status quo, Amlet Digital encontrou resistência dos "Mercadores de Informações" e outros interessados em manter as coisas do mesmo jeito. Eles usaram todas as suas armas para silenciar o príncipe e mantê-lo calado.
E assim, a história da Internet continua, com Amlet Digital lutando contra os ventos e marés de descrença e ilusão que ameaçam consumir todo o reino. Mas não se preocupe, pois ainda há esperança para uma Internet mais verdadeira e confiável.
Fim da crônica.
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A Caixa de Pandora, por Olavo Bilac
Quando Epimeteu, vencendo a armada de Tétis,
Súbito um dia, de curiosidade presa,
Eis que prantos de horror, pelo espanto arrancados,
Inda, em tropel, corriam, ao longo da jornada.
A CAIXA DE PANDORA
Da caixa, então, que a incauta Pandora
Abriu com mão fatal e temerosa,
Voaram, como um turbilhão que devora,
As desventuras, a miséria horrorosa.
A guerra atroz, com fúria sanguinária,
Varreu a terra, em fúnebre alarido;
A fome, a peste, a dor, a agonia vária,
Cobriram o universo de gemido.
A inveja vil, com serpeante olhar,
Infestou os corações, lançando o opróbrio;
O crime audaz, com punhal a cintilar,
Manchou de sangue o límpido brodio.
E a velhice, a decrepitude fria,
Com passo tardo e vacilante e lento,
Veio encurvar a fronte envelhecida
E cobrir de neve o negro desalento.
Mas resta a esperança, afinal, serena,
Como a pomba a flutuar sobre o dilúvio,
E a terra se entreabriu, florida e amena,
Para um futuro risonho e de ventura.
E a crença, a fé, a caridade pura,
E o amor, que a tudo sobrepuja e enfeita,
Desabrocharam da terra escura,
Como flores que a primavera beija.
E a alma humana, em seu sofrer profundo,
Ainda conserva a chama da esperança,
Como o náufrago, a quem as vagas afundam,
Ainda ergue ao céu a súplice mão cansada.